quinta-feira, 3 de abril de 2008

P. 20 # prisão

Sou. Sou alguém.
Sou um nome, um corpo, um volume, um valor de glicemia… Sou uma identidade. Um ser-humano.
Sou. Sou alguém.
Sou tudo isso. Mas o mais importante: sou uma alma. Uma alma com sentimentos, atitudes e vontades. Uma alma com fragilidades e pontos inquebráveis. Sou uma alma que já se arrependeu, aprendeu, esqueceu, errou, amou, perdeu, cantou, saltou, chorou. Sou um conjunto de enumerações.
Uma alma cheia de tudo: a transbordar de sentidos e sentimentos. Sou uma alma com espaços vazios por preencher. Uma alma completa e incompleta: com uma vida por viver, com alguma vida vivida, um erro imperdoável, uma correcção inesquecível, uma perda de tempo, com boas razões para viver um momento, com angustias, sonhos e pesadelos. Com uma vida dada, com uma morte marcada.

Uma alma dentro de uma prisão temporária.
Uma alma presa numa carapaça descartável e desumana.
Só espero o momento da morte, para sair de dentro deste sufoco. Sentir-me livre. Um ser único, vivendo a unidade máxima. Uma mistura de pernas, com mãos, com sentimentos e felicidades. Um fumo. Um fantasma.
Só espero o momento da morte, para sair a voar; para conseguir realmente viver, para conseguir realmente voar. Para voar até ao alto. Para tocar o céu.

3 comentários:

Anônimo disse...

Os teus textos são mesmo fantásticos *.*

beijinho

Anônimo disse...

pequenino!

*.*

o texto tá fantastico =)

luis nuno barbosa disse...

simplesmente... sem palavras!

muito fixe

abraço()